CAIRO - Após novos confrontos durante a madrugada provocarem mais cinco mortes no Cairo, elevando para oito o total de mortos desde o choque entre manifestantes na quarta-feira, o Exército egípcio tenta separar os dois lados. Os militares, que haviam reconhecido a legitimidade dos protestos contra o governo, foram acusados de deixar os egípcios se enfrentarem quando partidários do presidente Hosni Mubarak foram à Praça Tahrir, local onde há 10 dias se concentram os atos contra o governo. O esforço não impediu que os confrontos continuem.
Segundo testemunhas, o Exército estabeleceu zonas de isolamento de cerca de 80 metros entre os manifestantes dos dois lados. Já o governo negou que tenha qualquer envolvimento com o choque de quarta-feira, afirmando que não incentivou seus partidários a irem às ruas, ao contrário do que dizem seus críticos.
- Acusar o governo de mobilizar isso é uma ficção. Isso iria contra nosso objetivo de restaurar a calma - disse o porta-voz do Gabinete, Magdy Rady, acrescentando que o governo vai investigar quem está por trás da violência.
Os manifestantes que se enfrentaram ao longo do dia com paus e pedras passaram a usar, à noite, coquetéis molotov e armas de fogo. O ministro da Saúde do Egito, Ahmed Samih Farid, informou que cinco pessoas morreram nos confrontos desta madrugada na Praça Tahrir, entre manifestantes contrários e favoráveis ao regime de Hosni Mubarak.
- A maioria das mortes foi causada pelo lançamento de pedras e ataques com bastões de madeira e metal - afirmou o ministro. O número de mortos é incerto, entretanto, com várias informações conflitantes.
Segundo a rede de TV Al-Arabiya, as últimas vítimas foram atingidas por tiros disparados por seguidores do ditador no começo da madrugada. Agências de notícias afirmam que o número de feridos já chega a pelo menos 1.500. Mas, de acordo com o governo, os conflitos feriram 836 pessoas.
Manifestantes anti-Mubarak se dizem mais determinados após confrontos
Manifestantes de oposição ao governo disseram nesta quinta-feira que estão mais determinados do que nunca para derrubar o regime no Egito. Centenas de pessoas passaram a noite acampadas na Praça Tahrir, que ficou sob controle de forças antigovernamentais. Muitos fizeram barricadas ao redor da praça contra seguidores de Mubarak.
Manifestantes de oposição ao governo disseram nesta quinta-feira que estão mais determinados do que nunca para derrubar o regime no Egito. Centenas de pessoas passaram a noite acampadas na Praça Tahrir, que ficou sob controle de forças antigovernamentais. Muitos fizeram barricadas ao redor da praça contra seguidores de Mubarak.
- Depois do que aconteceu nessa praça, não haverá negociações com os membros do regime de Mubarak -disse um porta-voz do movimento à rede de TV Al- Jazeera.
Três figuras importantes da oposição - o ganhador do Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, o grupo islâmico Irmandade Muçulmana e o partido secular Wafd - rejeitaram nova proposta do governo para dialogar. Eles afirmam que condições impostas para a negociação não foram atendidas.
Na noite de terça-feira, Mubarak anunciou que não concorreria a um novo mandato nas eleições de setembro, o que poria fim a 30 anos de poder, mas oposicionistas exigem sua saída imediata.
Governo rejeita transição, mas já debateria concessões
Antes que os manifestantes entrassem em choque na quarta-feira, o Exército pediu para que restaurassem a normalidade no país. Mas os dois lados começaram a se enfrentar pouco depois, quando seguidores de Mubarak e oposicionistas realizavam atos na mesma região da capital.
Já durante a noite, coquetéis molotov eram lançados do alto de prédios contra manifestantes. A TV estatal transmitiu uma ordem para que todos deixassem a Praça Tahrir, mas a violência continuou e foram ouvidos tiros. Com muitas pessoas nas ruas, carros incendiados e explosões eram cenas comuns no centro da capital durante a madrugada.
O Egito rejeitou na quarta-feira os pedidos da comunidade internacional para uma transição imediata de poder, mas, segundo funcionários do governo americano, já há debates entre pessoas próximas ao ditador sobre possíveis concessões à oposição.
*Com Agência O Globo
Veja mais fotos do confronto
Nenhum comentário:
Postar um comentário