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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Exército tenta separar manifestantes após novas mortes no Egito

CAIRO - Após novos confrontos durante a madrugada provocarem mais cinco mortes no Cairo, elevando para oito o total de mortos desde o choque entre manifestantes na quarta-feira, o Exército egípcio tenta separar os dois lados. Os militares, que haviam reconhecido a legitimidade dos protestos contra o governo, foram acusados de deixar os egípcios se enfrentarem quando partidários do presidente Hosni Mubarak foram à Praça Tahrir, local onde há 10 dias se concentram os atos contra o governo. O esforço não impediu que os confrontos continuem.
Segundo testemunhas, o Exército estabeleceu zonas de isolamento de cerca de 80 metros entre os manifestantes dos dois lados. Já o governo negou que tenha qualquer envolvimento com o choque de quarta-feira, afirmando que não incentivou seus partidários a irem às ruas, ao contrário do que dizem seus críticos.
- Acusar o governo de mobilizar isso é uma ficção. Isso iria contra nosso objetivo de restaurar a calma - disse o porta-voz do Gabinete, Magdy Rady, acrescentando que o governo vai investigar quem está por trás da violência.
Os manifestantes que se enfrentaram ao longo do dia com paus e pedras passaram a usar, à noite, coquetéis molotov e armas de fogo. O ministro da Saúde do Egito, Ahmed Samih Farid, informou que cinco pessoas morreram nos confrontos desta madrugada na Praça Tahrir, entre manifestantes contrários e favoráveis ao regime de Hosni Mubarak.
- A maioria das mortes foi causada pelo lançamento de pedras e ataques com bastões de madeira e metal - afirmou o ministro. O número de mortos é incerto, entretanto, com várias informações conflitantes.
Segundo a rede de TV Al-Arabiya, as últimas vítimas foram atingidas por tiros disparados por seguidores do ditador no começo da madrugada. Agências de notícias afirmam que o número de feridos já chega a pelo menos 1.500. Mas, de acordo com o governo, os conflitos feriram 836 pessoas.
Foto: AP
Manifestantes anti-Mubarak se dizem mais determinados após confrontos
Manifestantes de oposição ao governo disseram nesta quinta-feira que estão mais determinados do que nunca para derrubar o regime no Egito. Centenas de pessoas passaram a noite acampadas na Praça Tahrir, que ficou sob controle de forças antigovernamentais. Muitos fizeram barricadas ao redor da praça contra seguidores de Mubarak.
- Depois do que aconteceu nessa praça, não haverá negociações com os membros do regime de Mubarak -disse um porta-voz do movimento à rede de TV Al- Jazeera.
Três figuras importantes da oposição - o ganhador do Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, o grupo islâmico Irmandade Muçulmana e o partido secular Wafd - rejeitaram nova proposta do governo para dialogar. Eles afirmam que condições impostas para a negociação não foram atendidas.
Na noite de terça-feira, Mubarak anunciou que não concorreria a um novo mandato nas eleições de setembro, o que poria fim a 30 anos de poder, mas oposicionistas exigem sua saída imediata.
Governo rejeita transição, mas já debateria concessões
Antes que os manifestantes entrassem em choque na quarta-feira, o Exército pediu para que restaurassem a normalidade no país. Mas os dois lados começaram a se enfrentar pouco depois, quando seguidores de Mubarak e oposicionistas realizavam atos na mesma região da capital.
Já durante a noite, coquetéis molotov eram lançados do alto de prédios contra manifestantes. A TV estatal transmitiu uma ordem para que todos deixassem a Praça Tahrir, mas a violência continuou e foram ouvidos tiros. Com muitas pessoas nas ruas, carros incendiados e explosões eram cenas comuns no centro da capital durante a madrugada.
O Egito rejeitou na quarta-feira os pedidos da comunidade internacional para uma transição imediata de poder, mas, segundo funcionários do governo americano, já há debates entre pessoas próximas ao ditador sobre possíveis concessões à oposição.
*Com Agência O Globo
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Foto: Getty Images
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